#TBTdaCyndiLauper: Flyer

 

    Em meados da década de 1970, Lauper realizou covers para entrar como vocalista entre várias bandas da área metropolitana de Nova York, cantando sucessos de bandas como Jefferson Airplane, Led Zeppelin e Bad Company. Mesmo com Lauper no palco, ela não estava feliz em cantar apenas covers. Em 1977, ela sofreu danos em suas cordas vocais, e ficou um ano sem cantar. 
    Em meados de 1972, um amigo e grande professor/mentor de Cyndi Lauper, segundo ela mesma em sua autobiografia, Bob Barrell, disse: “Sabe, você tem uma voz profissional – você deveria cantar profissionalmente”.  Então, Cyndi começou a olhar anúncios que procuravam cantores nos jornais, onde começou a cantar em algumas bandas fazendo cover de músicas como: “Lady Marmelade”, “I’ve Got the Music in Me” ou “Tell Me Something Good”. 
    Foi quando entrou para uma banda, como vocalista, chamada "Flyer".

Jimmy na guitarra

Richie na guitarra rítmica

Eddie no baixo 

Charlie na bateria 







    Cyndi teve uma saída conturbada de sua última banda antes de entrar para o Flyer. Segundo relatou em seu livro, por puro ciúmes, a namorada de um dos caras da banda, junto dele fizeram uma "brincadeira" de muito mal gosto. Cyndi chegou a ser assediada, "Depois percebi que talvez fosse porque esse cara tinha
começado a banda, então o poder escapou dele e veio para mim. E esse ato foi como um instinto muito animal para dominar. Eu disse a ele que eu diria aos outros o que aconteceu e ele disse: “Vá em frente, diga a eles – eles não vão acreditar”. Dito e feito".
  Cyndi Lauper chegou a ter um relacionamento com o guitarrista Richie na época, que inclusive, revelou anos mais tarde em seu livro de memórias, teria ficado grávida dele, porém os dois decidiram abortar: "Quando eu estava sangrando muito depois do aborto, decidi ir para outra clínica. Nessas clínicas havia muito sexismo, besteira e arrogância. Enquanto o estudante estava me examinando, eu disse a eles que doía, e o médico falou: “Bem, em primeiro lugar, por que você não manteve as pernas fechadas?”.
    "Acabei me apaixonando por Richie. Ele foi meu primeiro amor
de verdade. Ele era engraçado e brilhante, era bacharel em língua inglesa e podia interpretar um protagonista perverso. Ele tinha muito potencial, mas era assombrado. Descobri que a maioria dos músicos é assombrada por algo ou alguma ideia com a qual estão sempre em conflito. Ele tinha pesadelos com o pai, que faleceu quando ele tinha cerca de 12 anos. Em seu sonho, seu pai, que tinha sido alcoólatra a maior parte da vida, estava em sua cozinha, rindo dele".
    "Uma vez, quando a Flyer fez um show, minha mãe foi nos ver. A apresentação foi na igreja da escola onde estudei até a terceira série – onde fui batizada e fiz a primeira comunhão e todo esse absurdo. Naquela época a igreja sediava danças, então tocamos uma dança do ensino médio. Depois minha mãe disse: “Sabe, Cyn, acho que você é muito boa. Você realmente tem algo especial”. Sempre soube que podia cantar. Ninguém precisava me dizer. Ninguém precisou me ensinar. Quando eu era pequena, as freiras da minha escola do convento ficavam fora de si e queriam que eu fosse cantora de ópera. Elas costumavam dizer à minha mãe que eu deveria ser treinada para isso. Então minha mãe teve a ideia de me colocar para adoção para as pessoas ricas, para que elas pudessem treinar minha voz (acho que é por isso que nunca gostei muito de pessoas ricas). Eu falava algo do tipo: “Mãe, eu não me importo com isso. Peraí, não vamos ficar malucas”. Minha mãe sempre me arrastava para tudo que podia – aulas de balé, aulas de sapateado, onde eu era desengonçada e dançava como um espantalho. Havia pessoas que se aproximavam de mim e diziam que eu cantava como um rato. Eu não me importava, porque havia outros momentos em que era ótimo, e pude ver como eu tinha o poder de conseguir uma reação das pessoas. Eu ia para a multidão e fazia com que ela enlouquecesse. Eu subia nas costas de alguém e cantava ao mesmo tempo. 
    
Tínhamos que fazer covers, covers e mais covers, como “Born to run” (nesse caso eu realmente soava como um rato porque nunca estava no meu tom). Eu sempre tinha problema porque tirava muitas pessoas dos bares da casa. Elas deveriam estar bebendo e, em vez de fazerem isso, iam para a frente e só
assistiam – e isso era um grande erro. Eu deveria dizer coisas como: “Ei, bebidas por vinte e cinco centavos no bar!”, mas eu não promovia o álcool, porque quando Richie e eu dirigíamos para casa à noite depois de um show, eu via acidentes de carro".
    Mesmo tentando tomar um cuidado especial com sua voz, Cyndi acabou perdendo-a e teve que parar de cantar por dois meses. Não conseguia falar – tinha que escrever tudo. Três médicos a disseram que ela nunca mais cantaria. Enquanto isso, os caras da Flyer haviam contratado uma garota chamada Ellen para ficar em seu lugar.
    Quando Cyndi estava assistindo-a, notou que ela conseguia manter sua extensão vocal quando cantava. Foi quando Cyndi perguntou a Ellen como ela conseguia cantar tão bem em sua extensão, e ela disse que havia estudado com uma treinadora vocal chamada Katie Agresta.
    Cyndi levou uma fita de covers de Janis Joplin que ela tinha feito e então, Katie lhe disse: “Tudo bem, mas onde está o seu canto?”. Katie achou que ela tinha levado uma fita de Janis Joplin, e não uma fita de Cyndi imitando Janis. 
    Katie Agresta, ajudou Cyndi a voltar a cantar sem estragar suas cordas vocais e a acompanha até os dias de hoje. 
    "Não conseguimos vencer. Tocamos em uma casa noturna de praia em Hamptons, mas foi no meio do inverno e quatorze pessoas apareceram. Fizemos nosso primeiro show em Nova York, na famosa casa noturna Trude Heller’s. Não sei se eles nos pagaram ou não e não me importei, porque foi a primeira vez que as pessoas se sentaram e nos ouviram porque queriam. Muitos lugares em Nova York não pagam, como o Bottom Line (mais tarde, quando me pediram para ajudá-los, falei algo como: “E quando vocês poderiam ter ajudado alguns jovens artistas, mas, em vez disso, vocês não pagavam?”). Mesmo no CBGB, o dono, Hilly Kristal, não era um doce de pessoa. Ele também não pagava ninguém. Bastardo mão de vaca. Todos eles eram mãos de vaca – cumprimentavam com a  mão fechada. Eles não eram muito gente boa".
    "Depois do aborto, tive que voltar ao trabalho. Como de costume, eu tinha contas para pagar e precisava de um “PA”, que é um alto-falante pelo qual o som da banda passa e um sistema de monitoramento em que você pode se ouvir quando canta. Isso tornava as coisas mais fáceis para a minha voz, que eu não poderia perder de novo. Um dos rapazes da banda me disse: “Nem todo mundo tem um tio rico, então muitas pessoas conseguem um emprego como go-go dancer. Elas ganham muito dinheiro, e você pode pagar pelo seu PA”. Soou uma boa ideia. Por que não? ". Cyndi trabalhou como dançarina de pole dance só até conseguir pagar o P.A. Em seguida, estudou bastante em sua educação vocal para conseguir voltar para a banda depois de dois meses sem poder cantar.
    Cyndi Lauper tentou compor músicas com os caras da Flyer, mas não deu certo. Então, quando ela cantou no Trude’s uma noite com os Flyers, sua amiga Rose levou um compositor chamado John Turi, que também tocava saxofone e teclado. Cyndi e John se deram muito bem e começaram a escrever juntos, e por fim acabou saindo da Flyer. John e Cyndi formaram a banda Blue Angel, em homenagem ao filme de Marlene Dietrich. A banda chegou a se chamar, primeiramente de "Loose Lips", mas esse nome foi descartado em seguida. Passando por várias versões diferentes da banda, com muitos guitarristas diferentes, e também por vários tipos de sons antes de se estabelecerem no rockabilly.


    Algumas demos foram gravadas e a fita foi enviada para Steve Massarsky, que estava administrando o Allman Brothers Band. Massarsky disse que a fita era horrível, mas ele ficou atraído pela voz de Lauper. Ele os viu tocando ao vivo e, finalmente, passou a administrar a banda com um contrato de US$ 5 000. Muitas pessoas queriam contratar Lauper somente se ela fosse entrar como uma cantora solo. Lauper não aceitou, querendo que a banda fosse incluida em qualquer contrato que ela fosse assinar. A Polydor Records finalmente assinou contrato com eles como uma banda. Em 1980, eles lançaram um álbum com o mesmo nome da banda pela Polydor Records. A revista Rolling Stone mais tarde incluiu a capa da banda como "100 Melhores Capas de Álbum". Lauper odiava a capa, muitas vezes dizendo que a fazia parecer o Big Bird. Apesar da aclamação da crítica, o álbum vendeu muito pouco e a banda se separou. Os membros do Blue Angel brigaram com Massarsky, pois ele tinha levado maior parte do pouco lucro que o álbum recebeu. Mais tarde, a banda perdeu o processo que tinha lançado contra ele, e resolveram declarar falência para escaparem da dúvida.

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