32 anos do show no Irving Plaza da turnê de "Hat Full of Stars"
A turnê para promover o álbum "Hat Full of Stars" ocorreu de 15 de maio de 1993 a 5 de janeiro de 1994, talvez o menor tempo na estrada em toda carreira de Cyndi. Há um registro oficial que foi editado e faz parte do videoclipe da música "That's What I Think", que foi gravado durante o show realizado em Toronto, Canadá.
Um registro não-oficial é possível de se encontrar na internet, trata-se de sua performance no Irving Plaza, no dia 26 de maio de 1993. O setlist desse show foi o seguinte:
That's What I Think
Who Let in the Rain
Lies
Broken Glass
Feels Like Christmas
Dear John
True Colors
Sally's Pigeons
Someone Like Me
Hat Full of Stars
Girls Just Want to Have Fun
("Hey Now" version)
A versão de "Hey Now" aqui é um pouco diferente do que conhecemos lançado na coletânea de sucessos, "Twelve deadly cyns...and then some" de 1994. Cyndi em entrevista disse que a versão ficou diferente do que costumava tocar ao vivo, a pedido de sua gravadora.
PorJon Pareles
28 de maio de 1993
Crítica/Pop; Cyndi Lauper em Modo Adulto
Crédito...Arquivos do New York Times
Cyndi Lauper refletiu, durante seu set no Irving Plaza na quarta-feira à noite, sobre se os Beach Boys às vezes acordam e pensam que são os Beach Men. Envelhecimento e longevidade no negócio pop estão claramente na mente da Sra. Lauper, 10 anos depois de ela comandar a MTV como uma garota dançante, de voz estridente e divertida e três anos depois de seu terceiro álbum sem brilho, "A Night to Remember". A cantora de 39 anos precisa provar a si mesma como uma artista adulta sem perder a coragem de seus primeiros sucessos, e ela agora tem o material e a confiança para fazer exatamente isso.
No Irving Plaza, seu set consistiu de todas as músicas, em ordem, de seu próximo álbum, "Hat Full of Stars" (Epic, previsto para 15 de junho). Com performances exuberantes da Sra. Lauper e uma banda de primeira linha, o show prometeu que mesmo no fragmentado mercado pop dos anos 90 ainda há um lugar para uma artista eclética que quer que suas músicas tenham ressonâncias privadas e potencial de sucesso.
Para a Sra. Lauper, o pop é uma válvula de escape para a benevolência; suas músicas, escritas com diversos colaboradores, geralmente prometem amor, afeição incondicional e apoio emocional: "Você não pode se definir em termos de outra pessoa", ela insiste em "Dear John". Outras músicas contam histórias sutis, como "Sally's Pigeons", uma balada escrita com Mary-Chapin Carpenter sobre uma amiga de infância que morre após um aborto clandestino, e a "Broken Glass", movida pelo funk, sobre uma mulher que foi espancada.
Não havia muito tempo que Cyndi havia se casado com o ator David Thorton, que conheceu justamente gravando um filme com ele. Cyndi fala em sua biografia que na realidade queria ter curtido um pouco mais a vida de recém-casada, mas os problemas com os novos chefes de sua gravadora Epic/Sony, fizeram com que ela passasse boa parte de seu tempo divulgando o álbum bem longe do seu marido.
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Cyndi falou sobre todos os problemas que enfrentou durante sua turnê em sua biografia:
Também fiz uma turnê para promover o álbum nos Estados Unidos e tive a ideia de fazer um documentário de estrada chamado Cyndi Lauper Discovers America [Cyndi Lauper descobre os Estados Unidos]. Eu conversaria com pessoas do país inteiro para descobrir o que elas pensavam – sobre acontecimentos atuais, suas famílias, política, música, várias coisas –, o que seria meio engraçado e ótimo também. Encontrei o pessoal de TV para falar sobre isso e me disseram que eu teria que levantar o dinheiro sozinha. Porém, meu advogado e minha agência de filmes não estavam interessados em fazer isso, então não consegui um diretor. Eu até me encontrei com Michael Moore, que fez Tiros em Columbine. Enquanto isso, gastei muito dinheiro tentando filmar quando estava na estrada (uma turnê em grupo, com dois ônibus e uma banda com dez integrantes), mas nunca deu certo. Esse foi um período difícil para mim, mesmo que eu estivesse fazendo uma boa música. (Olha, eu não conhecia ninguém que estivesse juntando loops e pop folk como fiz naquele álbum. Se eu tivesse conhecido alguém, teria tido um aliado e não me sentiria tão sozinha.) Eu precisava de um bom empresário, depois do último que tinha sido uma droga. Ele era de uma empresa de gerenciamento que também administrava bandas realmente conhecidas, então, quando eu o contratei, pensei: “Esses caras devem entender sobre ser inovadores, certo?”. Não. Eles não entendiam. Uma vez, antes de eu ir a um programa de entrevistas, ele me disse que havia perdido o single “Who Let in the Rain”. Você está gerenciando uma apresentação de música e perde o single que vão tocar? Eu deveria ter dito: “Bom, você perdeu seu emprego também”.
Eu ia fazer uma turnê em grupo e criar um disco do grupo, mas meu empresário permitiu que a gravadora dissesse a ele para seguir com “Who Let in the Rain”, uma balada suave, em vez de música moderna. E deu errado. Aprendi que, quando eu quiser escrever qualquer coisa sobre política, vou sempre encobri-la com um relacionamento para torná-la mais palatável para as pessoas. É por isso que gosto do blues, ele é encoberto. Tudo que escrevem sobre o homem branco é encoberto por uma canção de amor. Seus sentimentos reais estão sob o texto, mascarados. Porém, com uma música como “That’s What I Think”, fiquei tão horrorizada com os anos Bush que eu queria falar diretamente com as pessoas e animá-las novamente. Quero dizer, tudo se tornou muito corporativo na época. Lembro que, em todos os lugares para onde viajei, todas as cidades pareciam as mesmas: o mesmo horizonte previsível, como os cartazes da Coca-Cola, não importa em que país. Foi aí que comecei a entender a gravidade do que estava acontecendo em nosso mundo. Ainda tenho orgulho da música “Sally’s Pigeons” e sua mensagem.
No entanto, naquela época, as pessoas da indústria da música estavam muito ocupadas tentando fazer coisas voltadas para os negócios e observando os lucros; resumindo, não havia muito espaço para a criatividade. Eu participava de
júris de música, ouvia o pessoal da indústria falar e ninguém falava sobre o ofício de compor – falavam sobre promoção, vendas e os dois minutos de fama que você poderia conseguir. De repente, a parte do artesanato havia acabado.
(...) Durante a turnê, conversei com essas pessoas sobre a discriminação que enfrentavam, e pensei que talvez devesse escrever uma música para elas. Eu queria fazer uma música dançante para celebrá-las. Isso se transformou em “Ballad of Cleo and Joe” no meu álbum seguinte, que eu tinha começado a escrever com Jan Pulsford, meu tecladista no Hat Full of Stars.
(...) A única coisa que consegui do projeto Hat Full of Stars foi uma banda maravilhosa, da qual, dessa vez, eu era a verdadeira líder. Eu
conversava e tocava com eles e era próxima deles. Eu os conduzia no palco da mesma forma que vi homens como Cab Calloway, Bruce Springsteen e Prince fazerem. Eu sempre pensava: “Ei, como Bruce consegue ser o chefe de sua banda? Se ele conseguia ser o chefe, eu também conseguiria”.
(...) Quando fiz a turnê de Hat Full of Stars com essa incrível banda de dez integrantes, toquei ao vivo com um loop. Mas fiz o baterista reiniciar o loop a cada quatro ou mais compassos. Dessa forma, se eu quisesse tentar algo e fazer uma leve mudança inesperada no meio da música, era possível. Não estávamos tão presos, isso tornava mais fácil ser espontâneo. Acho que você precisa de combustão espontânea às vezes. No entanto, para liderar, eu precisava aprender a dar dicas claras e aprender a contar bem o suficiente para entrar e sair de versos de música que eu queria incluir enquanto tocávamos. Sendo assim, tentei trabalhar bem próxima do baterista. Na turnê “Hat Full of Stars”, trabalhei com Rocky Bryant e depois com Scooter Werner. Eu perguntava: “Se eu quisesse fazer esse tipo de mudança aqui, qual seria uma contagem boa e clara para você?”. Eles me diziam. Então eu fazia mais disso. Trabalho o mais próxima que posso com qualquer banda com quem esteja fazendo música. No entanto, penso que sempre será um processo.
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